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domingo, 25 de setembro de 2011

Luz Dos Teus Olhos


Minha mãe, Rosinete Lobato. Foto: Alex Rodrigues.


Dessa imparcialidade,
De alguns momentos furtivos
Súbitas alegrias instantâneas,
Intercalados de solidão,
Tenho aprendido,
Depois de propor em campos distintos
O lugar exato para a dor,
E para o amor,
À conviver
Em um mesmo ser,
Com amor com que teus olhos me espiam
E a dor que tu me deixas quando eles se vão,
Quando se perdem dos meus,
Quando se fecham
E me deixam aqui,
Sozinho ,
Na escuridão.

(Alex Rodrigues)

"chegou a noite
e as trevas
enciumadas
esconderam
de seus olhos
as estrelas
mas o lume
solitário e
polifaiscante
deles
espanou
nevoeiro piche
e lhes foi dia"
(Janete Santos- Luz Dos Seus Olhos)

Texto dedicado à minha mãe, Rosinete Lobato.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sensorial

Pôr-do-Sol em Macapá. Foto: Alex Rodrigues

Tocar em teu olhar soa
O sabor doce
Que tua voz exala.
Tocar em teu olhar
Fecunda flores
De setembros primaveris
Em amarelos estridentes
No horizonte poente.
O toque do teu olhar destila esperanças
Em apatia ao sensorial
Que transborda cores,
Sabores,
Odores,
Imagens,
Sinapses.
Neurotransmissões ,
Mensagens químicas perdidas
No fluxo sentimental
Que corre para dentro
Em caminhos sinestésicos
Atrás da poesia.

(Alex Rodrigues)

"inalo um gosto inebriante
ao degustar a fragância
de tua imagem
que me entorpece as pisadas
rumo aos sons macios
que os teus olhos,
aos frívolos,
indecifráveis,
me segredam"
(Janete Santos - Sinestesia do Olhar)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

(Simplesmente) Agonia

Foto: Alex Rodrigues. Lagoa do Curiaú, Macapá-AP

Simples,
É o modo que te quero,
Mesmo quando cínico
Mentes,
E deixas minha mente,
Simplesmente,
Derrapar
Nessa fantasia,
Desintegrar
Nessa poesia,
Desajustar
Essa sinfonia.
E voltar a ajustar
Teimosa mentira
Em simples fantasia
Nessa falta que,
Por hora,
Agonia.

(Alex Rodrigues)

“Oh, meu amor!
Eu tenho medo de enlouquecer
Quando você vai pra longe
Quando você sai
Do meu horizonte
Eu não amanheço mais
Eu quero ter você
De vez do meu lado
Pelos bares
Num luau
O meu desejo não tem medo do errado
O teu lugar é meu lugar”
(Naldo Maranhão- Luau)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cinza das Horas


Foto: France Gibson.


Aquele que me olha poesia
E lhe retorno poema,
E me entorno em dilema,
Sem saber precisar
Se me vejo em teus olhos,
Ou se calo em tua boca
Pra afogar essa vontade louca
De me recostar em teus braços,
Estender-me em teus abraços,
Escutar o compasso
Que teu coração ritma
Perto do meu ouvido,
Batendo tranqüilo.
E então abrir a porta,
Deixar que entres
Para que possa ficar
Onde é seu lugar.
Mesmo estando perdido
Nessa tarde furtiva,
Aonde quer que esteja,
Peço seja capaz de voltar pra cá,
Não tardes à chegar,
Se aqui perto de mim
É nosso estar,
Sala-de-lugar,
Horas triste,
Horas vazia,
Oras, não passam!
Ponteiro colado.
Vou tentar queimar as horas.

(Alex Rodrigues)

"Quando tua voz silencia
Tudo em mim cala
Morre como flor
Sem água"
(Aline Monteiro- Antídoto)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Reator Sentimental



Praia de Jericoacoara- Fortaleza. Foto: Melo
Mil sóis explodem dentro de mim
Deixando um vácuo de esperança,
Incinerando a realidade fantasiada,
Me transformando em pó.
Eu entardeci,
Como o céu em cinza entardece,
Pingado em tons laranjas
Pelos últimos raios solares
Que minhas retinas opacas
Puderam internalizar.
Agora sou triste, sem vida,
Universo paralelo desabitado,
Um espaço sideral particulado.
Mas um dia, um dia desses qualquer,
Eu amanheço do teu lado,
Pois minha fé
É ainda maior
Que esse orgulho
Que aprisionou a alma,
Prendeu minhas certezas,
Soprou impossibilidades,
Que nos distância,
Que leva lembranças,
Que separa almas opostas,
Mesmo contra as leis da Física,
Pois estas, no mínimo...
Deveriam estar próximas.

(Alex Rodrigues)

"Eu conto as horas
Mas contar não tem sentido
Contar é tudo que tenho querido
Pelo meio das horas
Tortas do meu relógio
Fora do horário de Brasília...
Eu conto as horas
Conto nossas histórias desmedidas
Para nunca esquecer
Do meu motivo maior"
(Janete Lacerda - Publicidade)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sem volta


Perdi o abraço
Desfizeram-se os laços
Ausentes rastros

Ficou o espaço
Do passo
Lado ao abraço.

 Perdi o compasso
Do laço,
Sem rastros,
Logo quando voltaria.

(Alex Rodrigues)

"Meu coração é um deserto nuclear
Varrido por um vento radioativo"
(Caio Fernando de Abre)

Da Inércia Ao Movimento Pela Vida

Quem nunca ficou intrigado ao tocar em uma folha e ela se mover? Afinal os maiores representantes desses seres são estáticos e com hábitos muito característicos, dentre eles a capacidade de não se movimentar – o que para alguns políticos do Amapá é como uma dádiva-. O vegetal conhecido como Maria Fecha À Porta (Mimosa pudica) sofre uma considerada alteração na estrutura folicular com o toque mecânico.

Quando estimulada, ela reage fechando as folhas na base por um processo de osmose provocada pela diminuição da pressão de turgenscência a partir da liberação de íons K+, seguida de efluxo de água nas células da base da folha. Ou seja, ocorre o murchamento das células basal provocando repentina curvatura para proteger sua estrutura física, proteger sua vida.
Certamente essa plantinha trás nostalgia dos momentos da infância em que se corria na rua, tomava banho na chuva, brigava e se apaziguava instantaneamente. Vida de sonhos e anseios! E a pergunta é: onde esses sonhos foram parar? Quando foi que nos tornamos tão pacientes e estáticos, praticamente inertes às questões sociais tão urgentes e que por hora mostram-se tão desprezadas?
Se até as plantas são capazes de se adaptar ao meio como mecanismo de proteção, o que nós, seres detentores de inteligência, somos capazes de fazer para promover à vida? Nos calarmos? Ficarmos inertes? Parados? Acho digno irmos à luta.

"Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas
como alegria, fé ou esperança.
Mas só fico aqui parado,
Sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada"
(Caio Fernando de Abre)

Sarau Poesia de Quinta no Jari.

Pôr-do-Sol no Rio Jari, Laranjal do Jari-AP. Foto: Alex Rodrigues
O grupo Poema de Quinta realizará nesse próximo sábado, dia 17 de setembro, seu primeiro sarau intineirante, intitulado Poesia de Quinta, no município de Laranjal do Jari. E pra entramos no clima poético que a cidade inspira, gostaria de compartilhar esse pôr-do-sol encantador com os leitores do blog, além de reinterar o convite:

O que?: Sarau do grupo “Poema de Quinta”
Quando?: 17 de setembro
Onde?: Praça central de Laranjal do Jarí
Horário?: às 20h30


Vamos lá, gente! Leve seus textos e venha compartilhar conosco.

domingo, 11 de setembro de 2011

RUMO À METADE


 
Como queria
Seguir
O caminho
Que o brilho
Da lua deixa
Refletida
Na água.
Porque ...
Se olho pra cima
Vejo teu rosto
Pontilhado em estrelas,
E se caminho
Crio esperanças
Despretensiosas
De um dia desses,
Qualquer dia desses,
Chegar
Ao lugar,
Diferente de
Qualquer outro lugar,
Pois esse lugar
É exatamente
 Onde você estiver.
Contemplo o caminho
De prata
Fascinado
Com ânsia de corrida,
Antes que por nós
Faça-se o nada,
E o dia amanheça,
E a lua se esconda,
E me perca
Da tua órbita,
E vague
Sem rumo,
Sem luz,
Sem lua,
Sem chegada,
Sem lugar,
Sem você
Metade de mim.

(Alex Rodrigues)


"Tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
Ou de você e eu"
(Os Paralamas - Tendo A Lua)