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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

QUISERA



Quisera despir-se
E mostrar-se própria
De sua substancialidade
Nua

Quisera vestir-se
E tornar-se própria
De sua identidade
Crua

Quisera dispor-se
Sem gênero
De modo análogo

Quisera, sobretudo quisera
Antes de tudo, quisera
Porque acreditara.

(Alex Rodrigues)


“não acredito que eu exista nem que um dia finde
não acredito que a lua é fria nem que o sol é quente
não acredito em nada que me propõe a mente
não acredito em mim esses sentimentos”
(Janete Santos – denegação)

domingo, 16 de outubro de 2011

A VIDA QUE ME ESCAPAVA

Foto: Alex Rodrigues

Quando sorris
Vejo o amanhecer
No céu da tua boca
Florindo o dia
Dos fótons de luz
Que te escapam,
E  ainda sobrar lúmen
Para desabrochar a lua
No iluminar da noite.
Quando
Escuridão estiver,
Fita-me com olhos
De brasa de gelo
Para que sinta frio.
Depois,
Aquece-me
Com os lábios
De fogo gelado
Que só tu tens,
Para que renasça
E possa ver
Despontar
Um novo  amanhecer
No céu da tua boca
Que me trouxe a  vida
Quando me vi
Ali,
Afogado,
No mar que me engolia.

(Alex Rodrigues)

"Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço
Meu tempo é quando"
(Vinícius de Moraes)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DO QUE NÃO SE VÊ, NEM SE OUVE

Foto: Alex Rodrigues
Meus versos não tem cor,
Nem identidade,
São apenas balbúcios
Inaudível
Do incompreensível,
Do que agora
Me aflinge
E me faz procurar,
Em meio à pedaços,
Uma lógica que cadencie
Esses versos incompreendidos,
Mas que me tornam próprio
De transparência surda
Quando em mim não estais,
Quando aqui não te vejo,
Minha amarga inspiração

(Alex Rodrigues)

“A gente só não inventa a dor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor”
(Nando Reis – A Letra A)

sábado, 8 de outubro de 2011

CRISTALINO

Pôr-do-sol no Rio Jari.



Te levo aos jardins
Para degustar flores,
Inspirar sabores,
Deliciar amores.
E por trás do horizonte florido
Levanta um entardecer,
Amarelopoente,
Enquadrado nas nuvens laranjadas,
Brilhante,
Como os teus olhos
Iluminados pelo orvalho
Que pinta o arco-íres
Da ires
Cristalina
Retinada,
Sensação de Esperanças
Não desesperadas
No prazer do tempo,
A menos que
Não mais se possa
Esperar
No tempo desesperançado,
Tempo esgotado,
Da primavera sorrir
E sentir teu sorriso bobo
Iluminar o florido
Como o sol,
Cristalino e
Retinado,
Dos teus olhos.

(Alex Rodrigues)



“Mas permanecerei imutável e austero
Certo de que, de amor, sei o que ninguém soube
Como uma estátua prisioneira de um castelo
A mirar sempre além do tempo que lhe coube.
[...]
Farto de saber ler, saberei ver nos astros
A brilharem no azul da abóbada no Oriente
E beijarei a terra, a caminhar de rastros
Quando a Lua no céu contar teu rosto ausente”
(Vinícius de Moraes – A Perdida Esperança)




sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Lembranças


Minha prima, Elizama. Foto: Alex Rodrigues.

Não me olhas assim,
Com esses olhos negros,
Que chego sentir a noite
Caminhar nas tuas lágrimas,
E o sol vem amanhecendo
Junto a tuas pálpebras,
Que se abrem,
Para diluir o medo,
Me jogar em extremos,
Ouvir o  toque
De notas amadeiradas
Vistas dos teus olhos
Degustadas em Braille,
Pela minhas digitais
Que me afligem,
E mostram
Que és,
Somente,
 Lembranças,
Escritas nesse livro

(Alex Rodrigues)



“No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
[...]
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada”

(Vinícius de Moraes- Ausência)


terça-feira, 4 de outubro de 2011

FÓTON LUNAR


Minha avó, dona dos olhos mais doces que já pude ver.


Luar sustenido-se
Em notas horizontais,
Dedilhando luz
Em sons Infinitesimais,
Alimentando de graça
A sede visceral,
Luar singelo,
Meigo,
Sempre magistral,
Para mim já não há outra beleza
Além do teu cristal ocular,
Não ouço outras vozes
Além de o teu silencioso olhar,
Não há algo que me toque 
Intensamente
Do que teu doce suspirar,
Que eleva minha alma
Transborda em esperança
Fazendo-me voar.
Quando da cama
Não vejo seu brilho
Pela fresta da janela
A noite se torna fria
Sem teu fóton lunar,
Restando-me na noite
Apenas um lençol freático
Para aquecer.

(Alex  Rodrigues)



"o que eu cobiço
é o viço fecundo
de tua existência
teu conhecimento tamanho e
revolucionário
sobre a humana idade
que só o homem maduro
e afeito à busca
tal como a lagarta
a borboleta oculta"
(Janete Santos - Vívido)


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Radar

Foto de Alex Rodrigues



Tu, perenal
Eu, perimetral
Nós, curva acentuada
Pneus cantando no asfalto
Um deslize sentimental
Rumo à marginal.
Tu margem, rio
Eu, nau...
Por prudência emocional
É melhor parar por aqui,
Caso evolua,
Tu podes querer que eu corra atrás de avião,
Correr atrás de avião é para loucos,
Os apaixonados somente correm atrás de aviões  à jato.
Tu, avião à jato
Modelo invencível,
Marca maior,
Fabricação melhor.
Eu, pássaro amarelo
Sem localizador,
Assas frágeis,
Esperançoso,
Perdido no azul,
Desdenhando limitações,
Tentando superar a velocidade do som
Para te encontrar
Onde será que você está?
Quando finalmente te encontrar
Quero pedir
Que nunca mais
Me deixe te perder,
Que nunca mais
Saia do meu radar,
Nunca mais...

(Alex Rodrigues)

"Eu me sinto sozinho
A rua está vazia
Não passa da meia-noite
Sinto-me perdido
Sem minha alegria
E não passa da meia-noite"
(Kallebe Lima - Eu Perdir Meus Heróis)

domingo, 2 de outubro de 2011


 

Foto de Alex Rodrigues.

não vi
somente senti
consciente perdi
a presença de ti
talvez porque
na vaga ausência displicente
a calma impaciente
da iluminada escuridão
cortou no fluxo da alma
a corrente atrofiada
que a tempos relutava
pra irrigar meu coração...

(Alex Rodrigues)

"sinestesias e paradoxos são tentativas de expressar o indizível
os sentimentos são indezíveis
nós tentamos expressá-los pelas palavras,
mas sabemos q sempre daremos apenas
uma pálida impressão do q sentimos
Aí vc deságua em outro contrário: o calar e o falar
os sentimentos calam
como diz a Marisa: "falados os segredos calam..."
(Anderson Bittencourt via Facebook)



Texto escrito em 2007, do qual eu nem tinha conhecimento.... Dedicado ao Anderson, meu professor de literatura do 3º ano que o guardou.

domingo, 25 de setembro de 2011

Luz Dos Teus Olhos


Minha mãe, Rosinete Lobato. Foto: Alex Rodrigues.


Dessa imparcialidade,
De alguns momentos furtivos
Súbitas alegrias instantâneas,
Intercalados de solidão,
Tenho aprendido,
Depois de propor em campos distintos
O lugar exato para a dor,
E para o amor,
À conviver
Em um mesmo ser,
Com amor com que teus olhos me espiam
E a dor que tu me deixas quando eles se vão,
Quando se perdem dos meus,
Quando se fecham
E me deixam aqui,
Sozinho ,
Na escuridão.

(Alex Rodrigues)

"chegou a noite
e as trevas
enciumadas
esconderam
de seus olhos
as estrelas
mas o lume
solitário e
polifaiscante
deles
espanou
nevoeiro piche
e lhes foi dia"
(Janete Santos- Luz Dos Seus Olhos)

Texto dedicado à minha mãe, Rosinete Lobato.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sensorial

Pôr-do-Sol em Macapá. Foto: Alex Rodrigues

Tocar em teu olhar soa
O sabor doce
Que tua voz exala.
Tocar em teu olhar
Fecunda flores
De setembros primaveris
Em amarelos estridentes
No horizonte poente.
O toque do teu olhar destila esperanças
Em apatia ao sensorial
Que transborda cores,
Sabores,
Odores,
Imagens,
Sinapses.
Neurotransmissões ,
Mensagens químicas perdidas
No fluxo sentimental
Que corre para dentro
Em caminhos sinestésicos
Atrás da poesia.

(Alex Rodrigues)

"inalo um gosto inebriante
ao degustar a fragância
de tua imagem
que me entorpece as pisadas
rumo aos sons macios
que os teus olhos,
aos frívolos,
indecifráveis,
me segredam"
(Janete Santos - Sinestesia do Olhar)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

(Simplesmente) Agonia

Foto: Alex Rodrigues. Lagoa do Curiaú, Macapá-AP

Simples,
É o modo que te quero,
Mesmo quando cínico
Mentes,
E deixas minha mente,
Simplesmente,
Derrapar
Nessa fantasia,
Desintegrar
Nessa poesia,
Desajustar
Essa sinfonia.
E voltar a ajustar
Teimosa mentira
Em simples fantasia
Nessa falta que,
Por hora,
Agonia.

(Alex Rodrigues)

“Oh, meu amor!
Eu tenho medo de enlouquecer
Quando você vai pra longe
Quando você sai
Do meu horizonte
Eu não amanheço mais
Eu quero ter você
De vez do meu lado
Pelos bares
Num luau
O meu desejo não tem medo do errado
O teu lugar é meu lugar”
(Naldo Maranhão- Luau)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cinza das Horas


Foto: France Gibson.


Aquele que me olha poesia
E lhe retorno poema,
E me entorno em dilema,
Sem saber precisar
Se me vejo em teus olhos,
Ou se calo em tua boca
Pra afogar essa vontade louca
De me recostar em teus braços,
Estender-me em teus abraços,
Escutar o compasso
Que teu coração ritma
Perto do meu ouvido,
Batendo tranqüilo.
E então abrir a porta,
Deixar que entres
Para que possa ficar
Onde é seu lugar.
Mesmo estando perdido
Nessa tarde furtiva,
Aonde quer que esteja,
Peço seja capaz de voltar pra cá,
Não tardes à chegar,
Se aqui perto de mim
É nosso estar,
Sala-de-lugar,
Horas triste,
Horas vazia,
Oras, não passam!
Ponteiro colado.
Vou tentar queimar as horas.

(Alex Rodrigues)

"Quando tua voz silencia
Tudo em mim cala
Morre como flor
Sem água"
(Aline Monteiro- Antídoto)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Reator Sentimental



Praia de Jericoacoara- Fortaleza. Foto: Melo
Mil sóis explodem dentro de mim
Deixando um vácuo de esperança,
Incinerando a realidade fantasiada,
Me transformando em pó.
Eu entardeci,
Como o céu em cinza entardece,
Pingado em tons laranjas
Pelos últimos raios solares
Que minhas retinas opacas
Puderam internalizar.
Agora sou triste, sem vida,
Universo paralelo desabitado,
Um espaço sideral particulado.
Mas um dia, um dia desses qualquer,
Eu amanheço do teu lado,
Pois minha fé
É ainda maior
Que esse orgulho
Que aprisionou a alma,
Prendeu minhas certezas,
Soprou impossibilidades,
Que nos distância,
Que leva lembranças,
Que separa almas opostas,
Mesmo contra as leis da Física,
Pois estas, no mínimo...
Deveriam estar próximas.

(Alex Rodrigues)

"Eu conto as horas
Mas contar não tem sentido
Contar é tudo que tenho querido
Pelo meio das horas
Tortas do meu relógio
Fora do horário de Brasília...
Eu conto as horas
Conto nossas histórias desmedidas
Para nunca esquecer
Do meu motivo maior"
(Janete Lacerda - Publicidade)